Reunião na Câmara discute ações para moradores de rua

por Nilton Cesar Morselli publicado 08/05/2025 11h00, última modificação 08/05/2025 12h49

Na manhã de terça-feira, 6 de maio, o auditório da Câmara Municipal de Taquaritinga foi palco de uma importante reunião entre vereadores, representantes da Polícia Militar e de entidades ligadas à segurança pública e à assistência social. O encontro teve como objetivo principal debater soluções para a crescente presença de pessoas em situação de rua na cidade.

A reunião foi aberta pela vereadora Meire Mazzini, que destacou a urgência do tema e a necessidade de ações articuladas entre os diversos setores da sociedade. Um dos primeiros a se manifestar foi Anderson Rodrigo dos Reis, do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que relatou a preocupação do Ministério Público, especialmente do promotor de Justiça Dr. Ilo Marinho, e a campanha “Não dê esmola”, que deverá ser lançada em breve.

A vereadora Maria Azevedo destacou a atuação de restaurantes que ofertam marmitas após o horário de atendimento, e enfatizou a importância da conscientização da população. Já o vereador Delo Bate Bola citou exemplos de outras cidades, como Novo Horizonte, que disponibilizam canais de denúncia e até outdoors para desestimular a mendicância.

Leandro Bossini, presidente da Associação Comercial e Industrial de Taquaritinga (Acit), informou que a entidade está preparando 4 mil panfletos para conscientizar comerciantes e munícipes sobre os riscos da esmola. O policial militar Mauro Zanin chamou a atenção para o fato de que muitos dos moradores de rua são, na verdade, naturais da cidade, mas optam por não retornar às suas casas.

O prefeito Dr. Fulvio Zuppani propôs a realização de um diagnóstico detalhado sobre os moradores de rua, que deve ser conduzido pelo CAPS e pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Segundo ele, o objetivo é evitar que mais pessoas em situação de rua venham para o município. Ele disse que tenta conseguir recursos para a reforma do Terminal Rodoviário José Gabriel Miziara – onde parte dos mendigos dormem – e sugeriu a criação de uma casa transitória para atendimento emergencial.

Outros dois pontos tomados por moradores de rua são as Praças Dr. Waldemar D’Ambrósio (o palco de alvenaria construído no local vem servindo de abrigo), no centro, e a Praça Dona Ernesta Buscardi, da Igreja Matriz de Santa Luzia, no Jardim Buscardi.

A vereadora Profa. Mirian Ponzio reforçou que muitas dessas pessoas enfrentam doenças mentais e necessitam de internação. O prefeito, entretanto, lembrou que já existem cerca de 200 internações compulsórias em andamento, e a Prefeitura tem uma dívida de cerca de R$ 700 mil com as clínicas, inviabilizando a ampliação dessas medidas.

O vereador Baixinho do Posto relatou a visita, na companhia de outros colegas, a Monte Alto, onde moradores de rua foram encaminhados para um barracão, sendo incentivados a retornar a suas cidades de origem. O presidente da Câmara, Beto Girotto, que defendeu a implementação gradual das ações discutidas, propôs que seja adaptado o galpão da Prefeitura nas imediações da rodoviária. Já Arnaldo Baptista ressaltou a importância de assistência espiritual a essas pessoas.

José Carlos Camargo, presidente do Conselho Comunitário de Segurança, apresentou um projeto de casa de passagem, funcionando 24 horas, para acolhimento de homens, mulheres e crianças. Ele alertou que o modelo de albergue tradicional tem se mostrado ineficaz e sugeriu o cercamento de áreas públicas abandonadas para evitar ocupações.

O prefeito anunciou ainda a reativação da Atividade Delegada da Polícia Militar. O Tenente Santana, subcomandante da 2.ª Companhia da PM, explicou que a atuação policial tem limitações legais, mas pode apoiar ações integradas, inclusive com aplicação de questionários durante abordagens. Ele ressaltou que a repressão não resolve o problema e que é essencial a participação das redes de proteção social.

A psicóloga Luana Parize Lopes, do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), propôs a criação de um protocolo de abordagem, além da designação de uma pessoa para atuar como elo entre os órgãos públicos envolvidos. Segundo ela, o Creas possui prontuários de todos os moradores de rua da cidade e se compromete a buscar contato com seus familiares.

Ela também alertou que egressos do sistema prisional de Santa Ernestina têm optado por permanecer nas ruas de Taquaritinga. Zanin afirmou que as abordagens ajudam a inibir a mendicância, pois criam uma sensação de vigilância. A psicóloga concluiu ressaltando que ações bem coordenadas são fundamentais para impedir o agravamento da situação.

Também estiveram presentes na reunião os vereadores Delo Bate Bola, Marcelo Marinho, Livia Zuppani, Gabriel Belarmino, Jhow Adorno, o vice-prefeito Roberto Palomino, Adriana Turatto (Acit), José Carlos Milanezi (Acit), Gabriel Bagliotti (assessor de imprensa da Prefeitura), Paulo Roberto Zanin Guidorzi (secretário municipal de Governo) e Ana Margarida Curti (secretária municipal de Gestão).